Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Cuidados paliativos, por Gabriel Novis Neves

23 de jul. de 2015

Cuidados paliativos, por Gabriel Novis Neves

Cuidados paliativos
Há dias assisti a uma palestra proferida pelo professor-doutor, médico, José Pedro Gonçalves, no Hospital do Câncer de Cuiabá sobre cuidados paliativos para os doentes em estado terminal.
De maneira sucinta e didática transmitiu informações sobre essa nova especialidade médica que surgiu nas últimas décadas com a intenção de alertar aos profissionais de saúde, principalmente médicos, sobre a limitação da ciência médica.
Algumas vezes podemos  oferecer curas, outras vezes alívio e, não raramente, nem isso.
O importante é que as pessoas cheguem ao final do seu ciclo vital com boa qualidade de existência e com o mínimo de sofrimento possível.
Apreendemos em criança que deveríamos sempre vencer as limitações encontradas pelo caminho.
Entretanto, com o passar do tempo, observei e aprendi a aceitar os limites que a idade nos impõe.
Não é fácil determinar o momento de parar de enfrentar os limites impostos pela vida e, ao mesmo tempo, tirarmos o melhor proveito dela.
Às vezes, o custo em desafiá-la extrapola os benefícios.
Ajudar alguém a lidar com a dificuldade de definir esse momento é um dos prêmios mais dolorosos e privilegiados na vida de uma pessoa.
Entender que a vida é curta demais, e que o lugar de cada um de nós no mundo é pequeno, parece uma tarefa simples, porém, na realidade, é uma das mais complexas encruzilhadas vivenciais - tão bem estudadas por Atul Gawande, médico americano filho de indiano.
O homem é o único ser que sabe que vai morrer, mas ignora essa dádiva. Dádiva que nos permite, entre muitas outras coisas, externar nossos últimos desejos e orientar nossa família.
Hoje já existe um entendimento mais racional sobre a nossa finitude, momento derradeiro de uma vida repleta de perseverança, aceitação dos limites e últimos desejos.
Pertencemos a uma cultura que não aprendeu a lidar com a morte e, portanto, fingimos que ela não existe.
Somente nos últimos anos começaram a aparecer os especialistas em cuidados paliativos, que são os verdadeiros zeladores da maneira mais suave de encarar os momentos finais de nossa bela viagem pelo planeta Terra.
Assim como a vida, o poder do médico também é finito, e isso tem de ser entendido de uma maneira tranquila.

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