Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Amor e dúvidas, por Gabriel Novis Neves

19 de nov. de 2015

Amor e dúvidas, por Gabriel Novis Neves

Amor e dúvidas 
A gente precisa aprender a exercitar esse sentimento sem o qual não vivemos. Como ele se manifesta, não há um consenso entre os poetas.  
Caymmi disse que estava desprevenido quando ele apareceu.  
E, como se faz para mantê-lo? Com o tempo desaprendemos a amar?  
São indagações que nos perseguem, pois tudo em nossa vida gira em torno do amor. 
Até se mata por amor, segundo afirmam alguns. É possível matar quem se ama? Claro que não! 
O pior é quando percebemos que perdemos a capacidade de amar, ainda que a capacidade de doação se torne maior com o avanço da idade. 
Aprendemos a exigir menos das pessoas, tendendo a diminuir as cobranças. 
Pessoas idosas que não perceberem isso acabam isoladas. A troca pura e simples é para a fase adulta, não para a velhice. 
Nessa mesma linha de raciocínio, fácil entender porque as crianças só pensam em tomar, despreocupadas com a possibilidade de trocar. 
Existem amores que fazem parte da nossa educação, religião, ambiente em que vivemos, e que aceitamos como verdadeiros, sem discutir ou pensar.  
Sempre dizemos que amamos nossa família, pátria, filhos e até amigos. O mesmo acontece com relação ao nosso trabalho. 
Aí, misturamos o conforto que a remuneração do trabalho propicia com o amor. 
“O amor é querer estar perto, se longe; e mais perto, se perto”. Vinícius de Moraes 
Muitas vezes gostamos da “plata” que atividades laborais nos propiciam, e não do trabalho propriamente dito. Fico em dúvidas quando ouço alguém, em boa situação financeira, declarar que ama o que faz.  
Sempre imagino que essas construções são arcaicas, visando nos culpar pelo lazer. Infelizmente carregamos esse tipo de culpa pelo resto de nossas vidas. 
O problema do amor está sempre no outro, ao sublimar e compreender as pessoas como elas são com seus defeitos e diferenças. 
Encontrar pessoas especiais é possível, embora isso dependa do fator sorte e das renúncias às quais teremos que nos submeter. 
A verdade é que o amor sempre existiu dentro de nós. 
Precisamos aprender a conviver com ele e, mais do que isso, não fugir dele através de um possível sentimento de prisão, tão peculiar aos que amam a liberdade, inclusive a afetiva. 
Carlos Drummond de Andrade dizia nos seus versos apaixonados que “há vários motivos para não se amar uma pessoa e um só para amá-la”. 
Felizes daqueles que conseguem descobrir esse motivo!

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