Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Movimento ímpar, por Valéria del Cueto

14 de mai. de 2016

Movimento ímpar, por Valéria del Cueto

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Texto e foto de Valéria del Cueto
Preguiça de tudo. Por essa Pluct plact não esperava. Para ele, preguiça é assim como saudade, aquela palavra que só existe em português e que castiga a gente, uma coisa incompreensível.
Lia sobre preguiça. Imaginava a preguiça. Viu imagens do animal e seus lentos movimentos. Saber mesmo o que é preguiça isso, confessava, não sabia.
Não antes de bater por esses costados, num perdido interplanetário quando, no seu voo do nada para o lugar comum, caiu aos trambolhões na realidade. Ou seja, aqui bem ao seu lado. Está vendo? Olhe em volta. Ainda não? Preste atenção...
Pois ele, o extra terrestre, está te observando, registrando suas reações e movimentos. Faz parte da sua missão inicial.
Digo inicial porque com o passar do tempo e de suas tentativas infrutíferas de voltar ao espaço sideral, preso que está em nossa atmosfera sem força propulsora, outras prioridades foram surgindo.
De lá pra cá já muita água rolou debaixo da ponte, ele teve oportunidade de encher seus bancos de dados com informações e explorar outras áreas de interesse e sentimentos.
Isso. Mesmo. A lealdade à cronista faz parte deste, vamos chamar assim, aprendizado. Ao se tornar o outro lado de seu telefone sem fio, aceitou a nobre missão de mantê-la conectada de alguma forma com a realidade que não a cerca por opção própria de isolamento.
Atravessou momentos difíceis, ao ver os olhos de incredulidade de sua não tão ávida ouvinte diante de alguns informes repassados nesse já longo período. Mas, como se impôs a tarefa e não é de interromper missão estabelecida, cá está ele!
Com a preguiça, muita preguiça, a prima irmã da indecifrável saudade, atacando todos os seus aguçados sentidos. Transformando a sua narrativa num melhor não contar de encheção de linguiça.
Tudo para que a saudade não domine sua já combalida e cada vez mais decidida escriba, fazendo com que se encolha e refugie no canto mais escuro de sua cela.
Não, não temos mais uma presidente que queria ser enta. Perdeu o rumo por falta de destreza ciclística fiscal. Por bater de frente com outros componentes de sua valorosa equipe. Não teve discussão quando o Congresso Nacional puxou o cartão vermelho e a mandou para o banco. Dos réus do tribunal político, de castigo no Alvorada por 180 dias.
Perdeu, Brasil, sua presidente mulher. Nunca antes na história desse país, se confirmou com tanta eficiência a velha máxima que diz que é melhor não botar a mão em eleição de casa de marimbondo federal.
Foi demais para ela, que passou para seu vice do partido MDB, a condução dos destinos da nossa combalida pátria amada, tão deseducada.
Pluct, Plact tinha dificuldade de ordenar e transmitir a mensagem. Não entendia devidamente os processos. Deu um pulo até Brasília para trazer notícias fresquinhas. Viu ao vivo e a cores a longa noite no Senado Federal.
Agora está tudo ótimo! Temos dois presidentes no país. A afastada e o em exercício.
Nada mudou. Cargos de ministros sendo usados como capa protetora contra as garras da justiça. Alguns possíveis indiciados nem precisaram sair. Afinal, compadreio é compadreio e antes uma boa parte dos cargos do governo federal já era ocupada por seu maior aliado. A limpa será direcionada.
Encolher, isso encolheu. Foi uma lipo localizada. Juntou as representações sociais e, pelo sim, pelo não, fundiu o Ministério da Educação com o da Cultura. Tipo a ordem e o progresso. A fome e a vontade de comer.
Barriguinha cheia, hora do quilo, por que não fi-lo.
Depois, não sabem de onde vem a preguiça, esse movimento ímpar de não fazer nada...
Valéria del Cueto é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Crônica da série “Fábulas Fabulosas” do Sem Fim...

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