Mostre-me um exemplo TRIBUNA DE URUGUAIANA: Gonçalves Vianna

13 de abr. de 2009

Gonçalves Vianna


Coluna Atos & Fatos
Soares Tubino – Cronista e poeta – Membro da AUL

Gonçalves Vianna

“Luta cheio de amor e a glória alcança,
Não vaciles jamais um só momento,
E, em vez do funeral do desalento,
Entoa a marselheza da esperança”.

João Gonçalves Vianna Filho, primoroso poeta uruguaianense do passado, filósofo, parnasiano, autor de um único livro de poesia, intitulado “Thebaida”, tribuno de grandes recursos verbais, advogado militante, patrono de nosso Foro, cujos versos acima citados, que são um verdadeiro convite à vida, desertou do mundo, através de um gesto tresloucado, suicidando-se a 11 de abril de 1934.
Teve uma vida ativa, quer como advogado brilhante, quero como político, participando em diversas revoluções de sua época, defendendo as cores de seu Partido Libertador e dedicando-se à poesia, escrevendo em jornais e depois as enfeixando na sua única obra poética, escrita e publicada no Rio de Janeiro, em 1923, com prefácio do grande poeta e escritor Afrânio Peixoto, da Academia Brasileira de Letras (ABL).
Formando ao lado de Wamosy, a grande dupla dos nossos maiores poetas daquela geração, seu livro, apesar de conter peças poéticas de exaltação ao otimismo, como “Perge”, cujo quarteto abre esta coluna, é uma apologia do sofrimento e da dor.
Nascido a 3 de outubro de 1890, em nossa cidade, ele passou grande parte de sua curta existência, de apenas quarenta e quatro anos, distante de sua terra natal.
Quero como estudante de Direito na Faculdade do Rio de Janeiro, naquela época capital do Brasil, quer como participante das lutas políticas que seguidamente, por essa temporada, envolviam o Rio Grande do Sul, ele residiu distante daqui.
Por isso, é de se estranhar o conteúdo de “Thebaida”, dividida em diversos capítulos poéticos, quase todos eles espelhando uma alma em sofrimento: Dor de Pensar, Ritmos Selvagens, Pira Sagrada, Alma Heróica, etc... são algumas das subdivisões de sua obra poética. Cada parte, ressalvando esporadicamente alguns de seus sonetos onde seu otimismo é edificante, constitui um verdadeiro hino à dor.
“Sofre! E verás um ser quase divino”...”A mata é um evangelho de paz e suavidade, onde eu trago n’alma as apreensões de um velho, sinto brilhar no sangue, o sol da mocidade”. São algumas orações de seus poemas, onde abre levemente a cortina de seus sofrimentos.
Não legando aos leitores e apreciadores de sua obra poética, os verdadeiros motivos de sua revolta contra a vida, embora com tantos capítulos gloriosos e dignos de louvor, mas que se concluíram bruscamente com o gesto sádico do suicídio, que emocionou a opinião pública de nossa cidade, ele escreveu esta sentença constituindo um pedido de silêncio em torno de sua morte “Que eu seja sempre assim e que ninguém compreenda, a causa desta dor atroz que me tortura... como o herói da lenda, parta em busca do Amor, do Sonho e da Ventura”...

Uruguaiana, 13 de abril de 2009.

Um comentário:

Unknown disse...

Infelizmente este grande parnasiano uruguaianense é quase desconhecido, inclusive pela maioria de professores de Literatura. Falo de João Gonçalves Vianna Filho.